O dia 07 de Junho deste ano foi estabelecido como o dia da igreja perseguida, para que se desperte e ore por essa realidade. No mundo globalizado e “democrático” como o nosso, ainda hoje pessoas sofrem descriminação e abusos de diversas formas por causa da sua crença, mas muitos cristãos no Brasil custam a acreditar nisso. Porque será?
Vivemos uma época de crescimento como nunca na igreja cristã evangélica em nosso país, mas que por outro lado nunca foi tão fácil, nem nunca esteve tão na moda ser ”crente” como nos dias de hoje. E isso tem trazido ao mesmo tempo que uma expansão, uma falta de conhecimento daquilo que se diz crer. Como se tem dito: “A igreja evangélica brasileira é como um grande oceano em extensão, mas que não tem um palmo de profundidade.”
Numa época de evangelho fácil e sem compromisso, esses cultos para se falar sobre igreja perseguida, parecem até sem sentido. Acredito que eles podem trazer muito mais do que comoção e arrepios por causa de histórias e dados de sofrimento dos missionários, mas trazer uma grande reflexão sobre o que é sofrer por ser cristão e até onde vai nossa fé por Ele..
A perseguição por causa do evangelho de Cristo é algo que Ele próprio nos alertou: “Se alguém quer ser meu discípulo negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me.” E quando Jesus diz tome a sua cruz, Ele não está se referindo aos problemas do cotidiano, Ele está dizendo literalmente se você quer ser seguidor do meu evangelho tem que estar disposto até a morrer numa cruz por crer nessa verdade.
Temos a tendência de só encarar essa perseguição como algo ruim, e realmente ela tem trazido grande sofrimento que não quero com esse texto negar, só que por outro lado quero tentar enxergar o que ela gera num individuo ou num grupo que vivencia essa realidade.
O primeiro aspecto é que quem vive em um contexto de perseguição, e se decide pela causa do evangelho, passa por Experiência Pessoal com Cristo que transforma a sua vida em antes e depois desse encontro. Isso é uma coisa que falta muito em nossas igrejas no Brasil, pessoas estão se aglomerando em nossos templos, mas nunca tiveram esse encontro especial, talvez aí esteja um dos motivos que a multidão de “desviados” seja às vezes maior do que a de congregados. Um mulçumano, ou budista ou qualquer outra crença, não vai largar o que acredita por simples persuasão, eles vão como o apóstolo Paulo ter de cair do cavalo e se encontrar com Cristo pessoalmente, para mudarem seus conceitos e transformarem de vida.
O segundo aspecto para ser cristão em um contexto de perseguição é preciso ter Coragem. Ainda hoje se converter em um mundo mulçumano significa correr vários riscos como: ser expulso de sua casa, ser rejeitado por sua família, perder emprego, ser preso, sofrer açoites e até morrer por causa da sua decisão. Quantos de nós estamos dispostos a passar por isso? Foi por isso que o apóstolo João escreveu: “o verdadeiro amor lança fora todo medo”, se experimentamos o amor de Deus nada vai nos afastar dele: nem a tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada, NADA!
O terceiro e último exige um alto grau de Renúncia. Quando se está vivendo em perseguição e o aceita sabe-se que muitas coisas na vida prática vão mudar, e tem que se abrir mão de muitos direitos por Cristo. Lembro-me de uma história que ouvi na Turquia, me contaram que na sua identidade tem escrito que você é mulçumano, e se ao se converter você quer mudar pra cristão até pode, mas depois como o país é de maioria mulçumana ninguém quer te dar emprego. Servir a Cristo em lugares como esse é não fazer parte da maioria é ter falta de certas necessidades básicas é ser discriminado e até difamado. De novo pergunto será que estamos dispostos a passar por isso?
Algumas pessoas até falam que o Brasil deveria passar por perseguições para que se “refinasse” aqueles que se dizem cristão, acredito que isso não seja necessário. Só que ao mesmo tempo devemos transformar os discursos de nossas igrejas, que está mais baseada em números, para sermos um povo que busca intimidade e conhecimento, caráter e compromisso sincero não com uma religião e sim com Cristo. Só assim não só o dia da igreja perseguida, mas outras datas vão alcançar o verdadeiro objetivo.
Vinicius Guerra
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